É engraçado ter que usar uma imagem ou gravura que ajude a me definir enquanto sujeito. Em sala de aula, minhas turmas sempre começam a se apresentar fazendo exatamente este exercício. Não quero saber necessariamente qual sua formação, onde trabalham, ou o que esperam do curso. Quero que elas olhem para dentro das suas bolsas e bolsos e reconheçam um objeto que sempre carregam e que ajudam a defini-los enquanto indivíduos. É sempre mágico.
Feito o comentário, vamos ao exercício.
Posso dizer que sou como a chuva de Macondo, representada na imagem acima pelos traços de Carybé. Intenso, infinito, exagerado, muitas vezes eu me vejo transbordando em mim mesmo, sem saber o que fazer. Transito, seja no momento mais trivial do meu dia ou na a hora mais importante numa reunião de negócios, entre a realidade e fantasia. Não é difícil me perder divagando como seriam as coisas se eu tivesse feito isso ou aquilo diferente 20 anos atrás, aí chovo por dentro. Minhas tempestades não dão medo – não mais. Elas são exatamente como a chuva de Macondo, tão recorrentes que já não causam espanto. Acostumado a elas, busco agora ferramentas para navegar entre os campos alagados da minha cabeça.
Exercício produzido para o Laboratório de Autoria, do professor, doutor, escritor, ilustrador, contador de histórias e maravilhoso Celso Sisto. Ao longo de todo o primeiro semestre vou compartilhar alguns desses exercícios aqui no blog :)